Júri Simulado dos alunos de RI da UFRJ - Introdução ao Direito

domingo, 28 de novembro de 2010

Na posse, emissário trará carta de Ahmadinejad à eleita


Diplomatas iranianos temem que Dilma mude também o posicionamento sobre a questão nuclear



28 de Novembro de 2010

O governo iraniano pretende enviar uma carta do próprio presidente Mahmoud Ahmadinejad à sua nova colega brasileira, Dilma Rousseff. A mensagem será entregue por meio de um "emissário especial" de Teerã, que virá para a cerimônia de posse de Dilma, no dia 1.º de janeiro.

Formalmente, o texto deve se ater ao protocolo diplomático, parabenizando a presidente pela vitória nas urnas. Nas entrelinhas, porém, a mensagem é inequívoca: o Irã teme que Dilma seja menos indulgente com violações dos direitos humanos no país persa e está ansioso para que a inédita aproximação dos últimos oito anos seja mantida.

Ahmadinejad não deverá comparecer à posse de Dilma, tampouco o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki. O portador da carta seria uma autoridade do segundo escalão da diplomacia de Teerã, designada para acompanhar a cerimônia em Brasília.

Diplomatas brasileiros e iranianos ainda não sabem ao certo se a provável mudança de Dilma com relação a direitos humanos no Irã envolverá também a questão nuclear.

O Brasil entrou na negociação com o acordo firmado em maio no Irã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, e de Ahmadinejad. Ao final, os EUA e países europeus rejeitaram a chamada "declaração de Teerã". No mês seguinte, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra os iranianos; Brasil e Turquia foram os únicos a votar contra a punição.

O isolamento no órgão máximo da ONU obrigou o governo brasileiro a rever sua posição na negociação nuclear. O Itamaraty decidiu que só se envolve na questão se for convidado tanto por Teerã quanto pelo chamado P5+1, grupo formado pelos cinco membros permanentes do conselho (EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França e China) e a Alemanha. Como Itamaraty votou contra as sanções de junho, é altamente improvável que americanos e europeus chamem o Brasil para a negociação.

Há ainda um outro elemento que deve mudar a forma como Brasília lida com o programa nuclear iraniano. Segundo um funcionário do governo brasileiro, o País avalia que o novo comando da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) "entregou" o órgão da ONU aos EUA. Com apoio de Washington e da Europa, o atual diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, foi eleito após derrotar o sul-africano Abdul Samad Minty, apoiado pelo Brasil e emergentes.

Para o governo brasileiro, os relatórios e decisões da agência teriam se tornado praticamente "ditados" pelos EUA. "O caminho para encontrar um acordo diplomático com os iranianos terá de ser outro", diz a fonte.

3 comentários:

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  2. Como membro do P5, concordo com a pouca chance de chamar o Brasil para uma negociação já que este votou contra as sanções do mês de Junho( a qual defendemos), porém, se a nova presidente quiser renegociar essa questão, acho que os nossos líderes e membros estarão dispostos a ouvi-la e assim, tomar uma decisão definitiva em relação às sanções.
    Desiréé Lamure, senadora da França.

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  3. O fato do Brasil ter voltado contra foi uma surpresa bastante desagradável. Esperamos sim que a diplomacia brasileira reveja sua decisão e nos ceda seu apoio nesse momento de tamanha tensão.

    Secretário de Estado para Defesa
    Liam Fox

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