Júri Simulado dos alunos de RI da UFRJ - Introdução ao Direito

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Irã ignora Obama e diz que nada muda no programa nuclear

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que as principais potências mundiais já foram convencidas de que não podem impedir o progresso do programa nuclear iraniano, criticado pela comunidade internacional por supostas pretensões militares. Em mensagem pela celebração do Nouruz (Ano-Novo) no Irã, Khamenei não fez menção a citação pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no qual oferece a reaproximação nas estremecidas relações entre os dois países, em troca do compromisso iraniano de encerrar as ameaças e abandonar as armas.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também gravou mensagem aos iranianos na qual afirmou que as potências mundiais chegaram a um "beco sem saída" em sua pressão pela desnuclearização iraniana. No discurso, Ahmadinejad tampouco mencionou o pronunciamento no qual Obama propõe um "novo começo" com "respeito mútuo" nas relações bilaterais, após décadas de animosidade.

Os EUA cortaram as relações diplomáticas com o Irã durante uma crise entre 1979 e 1981 na qual um grupo de estudantes militares iranianos manteve 52 diplomatas americanos reféns na Embaixada dos EUA no Irã, por 444 dias. Mais recentemente, os dois países vivem sob a tensão do programa nuclear iraniano --que Washington diz ter como objetivo a fabricação de armas e que Teerã defende como meio de produção de energia.

Khamenei destacou ainda em seu discurso os testes feitos no mês passado na primeira usina nuclear do Irã, em Bushehr (sul). "Este é o resultado do progresso dos nossos cientistas[...], que convenceram o mundo todo de que o caminho do progresso nuclear do Irã não pode ser bloqueado", disse o líder que detém a autoridade máxima sobre as principais questões nacionais.

Também nesta sexta-feira, o ministro iraniano de Energia, Parviz Fattah, afirmou em Istambul, Turquia, que o Irã concluirá e colocará em funcionamento a polêmica central nuclear de Bushehr antes do fim deste ano.

"O Irã optou por um programa pacífico de produção de energia nuclear. Praticamente alcançamos este objetivo", afirmou Fattah, durante o 5º Fórum Mundial da Água, ao responder a uma pergunta sobre o eventual impacto do discurso de Obama no programa nuclear iraniano. "O Irã concluirá e colocará em serviço a central de Bushehr antes do fim do ano", acrescentou.

Mãos Estendidas

Aproveitando a celebração do Nouruz, Obama enviou uma mensagem de conciliação aos iranianos, com a promessa de um "novo começo".

A mensagem de Obama ao Irã traz o tom de seu primeiro discurso como presidente americano, quando afirmou que seu governo procurava "um novo modo de avançar" com o mundo muçulmano e que estava disposto a estender a mão para os países que abrissem seus punhos primeiro --um gesto que, pela resposta cautelosa, Teerã ainda esta receoso em fazer.

Na mensagem Obama traz ainda um tom criticamente diferente de seu antecessor republicano, que incluiu Irã, assim como Coreia do Norte e Iraque, no "eixo do mal" dos países que promovem o terrorismo.

Obama faz um chamado para que se encontre uma solução para as diferenças entre os dois países e para o início de um relacionamento "honesto". O Nouruz é uma das festividades mais populares do Irã, anterior ao surgimento do Islã.

"Os Estados Unidos querem que a República Islâmica do Irã tome seu merecido lugar na comunidade das nações, mas esse lugar não pode ser alcançado por meio do terror das armas, senão por meio de ações pacíficas que demonstrem a verdadeira grandeza do povo iraniano e sua civilização", continuou Obama, insistindo que o Irã também deve fazer a sua parte pela reconciliação.

Pé atrás

O conselheiro de imprensa do presidente Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr, afirmou que o país recebeu favoravelmente a mensagem de Obama, mas reiterou o pedido por ações concretas de Washington para reparar os erros do passado.

"Recebemos favoravelmente a vontade do presidente americano de deixar de lado as diferenças do passado, mas o meio para alcançar isto não é pedir ao Irã que esqueça unilateralmente a atitude agressiva dos Estados Unidos no passado", declarou.

Javanfekr afirmou ainda que, para os EUA efetivamente estenderem a "mão amiga" que desejam, é preciso mudar fundamentalmente o comportamento. "Até agora o que recebemos foram punhos pouco amigáveis", completou.

O conselheiro de Ahmadinejad falou ainda das sanções americanas, que classificou como "erradas". Listou ainda outro grande obstáculo para a aproximação desejada por Obama: "Apoiar Israel não é um gesto amigável e o Ano Novo é uma boa hora de mudar esta política", disse Javanfekr. Israel é o principal aliado dos EUA no Oriente Médio e cortar relações com o país seria um grande retrocesso para a política de aproximação do democrata.

3 comentários:

  1. É bom ver um Irã confiante e pelo que parece perto de concluir seu objetivo nuclear em Bushehr.
    Nós, da Coréia do Norte, acreditamos que um dos principais problemas das tentativas de negociação dos EUA, é que este parte de um princípio hipócrita.
    Na tal mensagem de "novo começo" que Obama enviou está mais do que claro que ele quer que esta negociação seja apta a mudanças apenas no lado iraniano. Porque os EUA persistem no fim do programa nuclear Iraniano e apoia Israel, no Oriente Médio. Ainda é cômico ao alegar que os EUA estão de mãos estendidas e países muçulmanos, como o Irã, de punhos fechados.
    Felizmente me parece que o Irã não engoliu essa baboseira norte americana.
    Kim Kyong-hui

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  2. As declarações do presidente iraniano sobre as principais potências mundiais são uma falta de respeito.
    O Irã não está sozinho no mundo e se apresenta como uma ameaça, assim, acho que suas declarações deveriam ser menos agressivas e eles deveriam facilitar as negociações diplomáticas.
    Atenciosamente, Desirée Lamure

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  3. As declarações iranianas são repletas de cinismo e persistem no distúrbio de um importante acordado internacional. Nós, Ocidente, vemos o Irã como um impecílio nas negociaões diplomáticas, pois eles partem de ações exclusivamente unilaterais, ignorando completamente a conjuntura internacional.
    Secretário de Estado para Defesa
    Liam Fox

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